Com mais de 40 anos de exercício da Odontologia, cirurgião-dentista recebeu o reconhecimento da APCD Regional de Mogi das Cruzes
O cirurgião-dentista Galdino Iague Junior foi o grande homenageado da Festa Dia do Dentista 2024. Em um dos momentos mais emocionantes do evento, ele recebeu o Troféu Tiradentes do prêmio Melhores do Ano. A homenagem feita pela Associação Paulista dos Cirurgiões-Dentistas Regional Mogi das Cruzes (APCD-RMC) reconhece a trajetória profissional do mogiano que se dedicou à Odontologia por mais de 40 anos.
Graduado em Odontologia pela primeira turma da Faculdade de Odontologia da Universidade de Mogi das Cruzes, Galdino Iague Junior é especialista em Ortodontia, com cursos realizados no Brasil e nos Estados Unidos, e mestre em Educação Odontológica pela UMC. Trabalhou por 41 anos no exercício da profissão e também se dedicou à vida acadêmica, dando aulas de graduação e pós-graduação.
Galdino Iague Junior também atuou pela defesa e valorização da Odontologia na região do Alto Tietê, tendo sido presidente da APCD Regional de Mogi das Cruzes. No ano de 2008, ele foi agraciado com a Medalha e Comenda Tiradentes, concedida pelo Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).
Na entrevista abaixo, Galdino Iague Junior conta um pouco sobre sua trajetória profissional e sua paixão pela Ortodontia, que o possibilitou transformar os sorrisos de incontáveis pacientes. Confira!
Você foi o grande homenageado com o Troféu Tiradentes, no prêmio Melhores do Ano, promovido pela APCD-RMC. Qual a sensação de receber a homenagem?
Para mim foi uma honra ser lembrado pela atual diretoria da APCD-RMC para receber esta homenagem. Fiquei muito feliz e emocionado por rever tantos ex-alunos e colegas que lá estavam presentes.
Este prêmio vem coroar sua importante trajetória profissional. Quais, em sua opinião, são os momentos mais marcantes de sua carreira na Odontologia?
Minha formatura foi o primeiro grande momento, por conta da exigência dos professores, tanto na formação teórica quanto na formação prática, por sermos a primeira turma do curso. Outro momento importante foi quando recebi o certificado de Especialista em Ortodontia, após quase cinco anos de estudos e prática clínica. Quando o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo outorgou a mim a Medalha e Comenda Tiradentes, em 2008 e, agora, esta homenagem prestada pela APCD-RMC, que tive a alegria e honra de presidir na década de 1980.
Como foi o início da sua carreira? Quais obstáculos enfrentou?
Eu já era professor de Biologia anteriormente e, com o dinheiro que consegui juntar e mais um financiamento, montei meu consultório no primeiro ano após a formatura. Em virtude do trabalho de professor, já assumido, eu trabalhava no consultório no período noturno, das 18h às 23h. No primeiro ano, foram 82 pacientes atendidos.
O senhor atuou como ortodontista clínico por 41 anos. Quais, em sua opinião, foram os principais avanços da Ortodontia ao longo das últimas décadas?
Nos primeiros momentos da minha formação, não existiam, por exemplo, os braquetes colados. Era necessário construir anéis metálicos, conhecidos como bandas, onde soldávamos os braquetes, e, posteriormente eram cimentadas em cada um dos dentes antes de iniciar o tratamento. Só para montar os aparelhos levava-se mais de um mês. Então surgiram as bandas pré-fabricadas e os braquetes colados e isso foi uma grande revolução, principalmente em termos de tempo de montagem dos aparelhos.
Quando comecei, era necessário fazer grande quantidade de dobras nos fios ortodônticos para alcançar os resultados, pois os fios ortodônticos eram basicamente feitos em aço. As técnicas empregadas no momento eram a de Tweed e, depois, a terapia bioprogressiva de Ricketts, que aprendi com o próprio autor, nos Estados Unidos, na década de 1980. Ainda assim, era exigida grande habilidade manual para conduzir um caso de Ortodontia. Depois vieram materiais mais flexíveis como ligas de aço modificadas, ligas de níquel e titânio, dentre outras.
A incorporação da informática, na minha prática clínica, em 1984, agilizou alguns passos do diagnóstico e hoje é grande aliada na manipulação e arquivo de dados e exames dos pacientes. Continuo acompanhando a evolução da Especialidade e hoje percebo a facilidade de se realizar um tratamento ortodôntico com o uso de alinhadores transparentes, mas me preocupa o fato de que a facilidade do tratamento compreende grande complexidade no planejamento, requerendo muita habilidade e conhecimento clínico para realizá-los. Destaco que muitas condições ortopédicas/ortodônticas ainda devem ser tratadas com aparelhos convencionais, principalmente nos casos de tratamentos em crianças.
O senhor tem um currículo exemplar, com vários cursos ao longo da carreira. Para você, ser cirurgião-dentista é sinônimo de estudar?
Sem sombra de dúvida! Com toda a evolução que temos, desde os conhecimentos de Biologia nos levando a entender cada dia mais sobre os problemas que tratamos até os avanços nas técnicas, materiais e até tipos de aparelhos, é imprescindível que o cirurgião-dentista, independente de sua área de atuação, esteja apto a buscar conhecimento quase que diariamente, seja por meio de leituras especializadas, seja por cursos, palestras ou outros meios.
E como ingressou na vida acadêmica para dar aulas na faculdade de Odontologia? Esse é um trabalho gratificante?
Fui convidado pelo professor Arnold Coimbra Pfaff, da cadeira de Ortodontia, para ser auxiliar voluntário em 1973 e, no ano seguinte, fui contratado como auxiliar de ensino e, desde então, só parei em 2001, quando me aposentei como professor. Unir a paixão por ensinar, desde os tempos de professor de Biologia, à possibilidade de ensinar a profissão que abracei para a vida foi extremamente gratificante. Poder olhar para trás e ver a quantidade de pessoas que tive a felicidade de ensinar e que hoje ocupam postos dos mais altos que a profissão permite é muito gratificante.
Conte como decidiu se tornar um cirurgião-dentista.
Eu tinha um tio materno que era dentista e vislumbrava dias melhores para a profissão, já que naquela época, a Odontologia vivia de urgências e escambo. Com o exemplo dele e o apoio de uma prima que abandonou o curso de Direito no último ano para cursar Odontologia, eu me lancei na aventura de um novo curso de formação superior. Naquele tempo, ser professor da rede pública ainda era recompensador financeiramente e altamente prestigioso.
Durante o curso percebi que a habilidade manual era um dos meus pontos fortes e isso me direcionou para a Ortodontia.
Qual o significado da Odontologia em sua vida?
A Odontologia é uma profissão apaixonante, com muitas possibilidades numa área de trabalho tão restrita, que é a boca. Poder transformar o sorriso de uma pessoa, mantendo ou melhorando a saúde bucal é uma oportunidade ímpar e eu agradeço a cada paciente que tratei, por cada sorriso que transformei. Muito do que sou e tenho, devo à Odontologia. Muito obrigado!